sábado, 13 de outubro de 2018

{estrela morena}

É de prata a matéria do raio com que ele lampeja, certeiro, o embaraço da sombra. 
Em raio. Centelha. Cria o clarão.
Compositor da cor e do brilho, ele desenha o esplendor do rumo com que a luz afronta o vácuo do breu. E, num gesto que surge tão simples em suas mãos, esta estrela de mil fulgores, habitando o alto do seu longínquo céu, completa em luz o demorado vagar do escuro que se alonga, distante, por entre os nossos dedos.
Em mestria única, exclusiva da forja dos astros rei, ele encoraja cada feixe radiante, cada electromagnetismo, a dourar o sobressalto da negrura, fazendo nascer em graça cada contorno da sua visão.
Não conheço com clareza quais a ocupação, atributos e cargos divinos, mas não duvido que regar todos os dias o tecto estrelado e ocupar o luar, ora pela meia noite, ora pelo meio dia, é um dos mais absolutos ofício de um deus.


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