quarta-feira, 20 de junho de 2018

{uma história de encantar}


Certa tarde conheceu uma mulher distinta de nome Esmeralda.
Gravitou por dias na translucidez e requinte desta palavra sem saber apontar sobriamente o motivo desse estranho arrebatamento.
 
"Esmeralda. Esmeralda!"
 
Cristalina e inteiramente luminescente, aquela melodia agitou-a num deslumbramento como jamais sentira por um vocábulo. 
Repetiu-a, incessável, na certeza de que aquela palavra resumia um sussurro mágico e tão hábil quanto uma musculada força cósmica que se atreve pela inóspita extensão sideral, encantando cada corpo celeste, cada porção da infinitude intergaláctica.
Veio a compreender, mais tarde, que será certamente agraciada a vida de quem traz consigo no nome a magnificência daquilo que a Terra esculpe no seu íntimo, na fertilidade do seu manto. E deteve-se na convicção de que bem-afortunados serão todos os que desde a nascença são reunidos à nobre família das gemas valiosas, singulares estruturas minerais que condensam a delicadeza e asserção com que uma fêmea pare uma cria
"Esmeralda...."
Certo dia conheceu uma mulher que encerrava em si os enigmáticos tons do verde pardacento que adquire o mar quando revolto. Jamais entenderá por inteiro o fascínio desse encontro, mas assim como só em determinados ambientes geológicos nascem gemas preciosas, certos fenómenos de encantar cabe unicamente ao nome ilustrar.




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